sábado, 28 de março de 2020

Resenhando #5: Desvantagem vocal em cantores populares

No #resenhando de hoje, vamos conversar sobre o artigo da semana: "Desvantagem vocal em cantores populares"

O artigo inicia trazendo um dado importante: o fato de haver elevada prevalência de distúrbios vocais entre os cantores, sendo relatado por eles próprios, com ocorrência maior nos cantores populares.

Para os cantores populares o desvio vocal pode ter dois significados: a alteração vocal em sim, patologicamente falando, ou como uma característica performática do cantor. Para os cantores líricos qualquer desvio vocal é inadmissível. 

O objetivo desse estudo foi "verificar a associação das características sociodemográficas, comportamentais, ocupacionais e da saúde com a desvantagem vocal de cantores populares".
Os autores fizeram uso de um questionário produzido por eles e o do protocolo Ìndice de desvantagem para o canto moderno (IDCM). Esse último protocolo é dividido em 3 subescalas: incapacidade (refere-se ao aspecto funcional, relacionada ao impacto do problema da voz nas atividades profissionais); desvantagem (relacionada ao impacto psicológico do problema de voz); e defeito (relativo ao aspecto orgânico, relacionado coma  autopercepção das características da própria voz)

Quais foram os resultados encontrados e discutidos pelos pesquisadores?

1- Elevada desvantagem vocal entre os cantores populares. No protocolo IDCM a subescala com maior prejuízo foi "defeito", que se refere ao aspecto orgânico. A desvantagem vocal em cantores pode ser interpretada como falta de conhecimento técnico, grande demanda vocal e curta experiência no canto.

2- Maior desvantagem vocal em cantores com o menor tempo de experiência no canto popular. Um curto tempo na carreira como cantor popular, pode predispor a um menor tempo de consciência vocal e treinamento formal para lidar com a demanda de trabalho.

3- Cantores que não intercalam as músicas com outro cantor, durante os shows, apresentam maior desvantagem vocal em relação aos cantores que alternam. Tal comportamento permite que o cantor realize um repouso vocal parcial durante as apresentações, o que demonstrou favorecer a melhor saúde vocal

4- Os cantores não tem o hábito de desaquecer a voz, após as apresentações musicais, apresentaram maior desvantagem vocal. Tanto o aquecimento, quanto o desaquecimento vocal são importantes, pois estes procedimentos podem dar condições para que os cantores consigam realizar os ajustes vocais, sem prejudicar a sua vida profissional. O aquecimento e o desaquecimento vocal personalizado proporcionam ao cantor popular maior flexibilidade vocal, permitindo a exploração, de forma saudável, de suas marcas e identidade vocal.

5- Cantores que autoperceberam a voz falada como razoável, apresentaram maior desvantagem vocal no canto popular, quando comparados aos demais entrevistados com uma avaliação mais positiva da voz. A percepção do distúrbio vocal na voz falada de cantores populares pode indicar dificuldades e prejuízos também na voz cantada, sendo que ambas precisam ser consideradas e avaliadas durante a atuação fonoaudiológica.

6- A maioria dos cantores relatou boa saúde geral, quanto a presença de infecções das vias aéreas superiores, sintomas de azia e diagnóstico de RGE. Infecções nas vias aéreas superiores podem contribuir ou aumentar o mau uso vocal, uma vez que as as alterações fazem com que o uso da voz se dê em condições inapropriadas, ou seja, na presença de mucosas ressecadas, edemas e irritação do trato vocal. Apesar das consequências de tais morbidades sobre a voz, a presença destas entre os cantores não influenciou a percepção sobre a desvantagem vocal.

7- Boa hidratação durante as apresentações com os cantores, porém a quantidade diária de ingestão de água relatada pela maioria foi inferior a dois litros. A laringe bem hidratada favorece a menor pressão de ar sobre as pregas vocais para iniciar a fonação, reduzindo o nível de pressão de fonação e a fadiga vocal. Além disso, o atrito entre as pregas vocais decorrentes do pigarro e da tosse pode ser evitado.


Nesse artigo temos o reforço da ideia de que informar e conscientizar os cantores populares sobre os cuidados vocais e a necessidade de acompanhamento fonoaudiológico, de um professor de canto e otorrinolaringologista, são essenciais para a boa saúde vocal e também para uma boa performance vocal. A partir do momento em que esses profissionais da voz tem conhecimento do seu instrumento de trabalho e passam a cuidar dele, eles terão a possibilidade de terem uma maior longevidade vocal e evitar o aparecimento de lesões que interfiram em suas atividades.

Para ler o artigo completo é só clicar aqui.

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Sara F. Rios


quarta-feira, 4 de março de 2020

Resenhando #4: Relação s/z e tipos de voz

Ó - LÁ !

Vamos para mais um resenhando e o artigo da vez chama-se "Disfonias: relação s/z e tipos de voz" (clique aqui para ter acesso ao artigo completo)

Recomendo a leitura desse trabalho pra todo mundo. A medida que os autores apresentam e discutem os resultados, eles trazem vários conceitos sobre avaliação, correlacionando os achados com patologias. Também trazem outros estudos que corroboram os achados desse artigo, e olha, foram muitos achados. Eu contabilizei e foram 17 pontos bem interessantes que os autores puderam revelar nesse estudo. Eu vou apresentar os achados que considero mais relevantes pra esse post #resenhando.

Vamos lá!

Na introdução, os autores trazem os conceitos sobre avaliação  perceptivo auditiva e especificamente sobre a relação s/z.
O objetivo do estudo foi verificar o resultado da relação s/z e o tipo de voz em paciente com disfonias funcionais e organofuncionais.
Os dados foram colhidos do banco de dados dos pacientes com queixa de voz que foram atendidos no Serviço de Atendimento Fonoaudiológico da clínica-escola da UFSanta Maria/ RS.
Nos resultados os autores organizaram os dados em tabelas.
Dos pontos discutidos no artigo, o primeiro que quero comentar é o "percentual significativo de sujeitos apresentado DOF" (disfonias organofuncionais). As disfonias organofuncionais são na verdade disfonias funcionais com diagnóstico tardio que evoluíram, devido á demora de solução do problema ou pelo desconhecimento da possibilidade de desenvolvimento de uma lesão. Por isso, é tão importante o trabalho de conscientização, principalmente daqueles que usam a voz como instrumento de trabalho. Quanto mais cedo tratado, menos riscos de evoluir para uma disfonia organofuncional, onde o tratamento é mais difícil.
Outro ponto foi o fato de que a patologia com maior ocorrência ter sido o nódulo e a rouquidão e soprosidade terem sido as qualidade vocais mais identificadas. Esse tipo de qualidade vocal também está relacionado com a presença de nódulos.
Na relação s/z 77% dos sujeitos apresentaram algum tipo de alteração vocal. Nas disfonias funcionais apesar de não apresentarem lesão orgânica ao exame laringológico, podem apresentar alteração em nível de ressonância, respiração, pitch, loudness, modulação e/ou gama tonal.

Esses foram alguns dos achados que achei interessante, mas existem muitos outros. Esse artigo é riquíssimo e vale muito a pena a leitura!

Agora, me conta aqui embaixo nos comentários: o que estão achando da série #resenhando, onde comento um pouco das minhas impressões sobre os artigos científicos que tenho lido?

Até a próxima!

Sara Rios
Fonoaudióloga



sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Resenhando #3 Triagem da Afinação Vocal

Voltei com a série "Resenhando#". E o artigo de hoje é esse: Triagem da afinação vocal: comparação do desempenho de musicistas e não musicistas. Os autores do artigo são: Felipe Moreti, Liliane Pereira e Ingrid Gielow.

Na introdução podemos ver que eles fazem um panorama sobre o conceito de afinação e desafinação, o relação da música e da linguagem, as causas da desafinação, e por fim o objetivo da pesquisa.

AFINAÇÃO X DESAFINAÇÃO

A afinação é a reproduçaõ de alturas de notas isoladas.
A desafinação por sua vez é a não reprodução vocal da linha melódica entre os intervalos de notas, tornando essa melodia diferente do modelo inicial.

CAUSAS DA DESAFINAÇÃO

Os autores trazem como possíveis causas:
- o fucionamento inadequado do processamento das informações auditivas;
- problemas de percepção, memória, lingugaem e/ou produção da emissão.
- causas de natureza orgânica, cognitiva, funcional, atidudinal ou uma combinação desses fatores.

"Considerando a plasticidade do sistema nervoso central, acredita-se que, na maior parte dos casos,a afinação possa ser desenvolvida por meio de treino específico."

OBJETIVO DA PESQUISA

Elaborar um procedimento de Triagem da Afinação Vocal e verificar sua aplicabilidade, comparando o desempenho de musicistas e não musicitas.

A Triagem da Afinação Vocal foi elaborada com base na tessitura vocal de homens e mulheres, sendo contemplados tons médios para ambos os gêneros, em doius tipos de tarefas: emissão de tons isolados e ordanação temporal de três tons. Para ver mais detalhes sobre a metodologia e resultados da pesquisa, clique no título da mesma, no início do texto.

A aplicação da triagem inclui a discriminação e a reproduçaõ vocal de tons isolados e a ordenação temporal de alguns deles, envolve o mecanismo fisiológico de discriminação de padrões sonoros relacionado ás habilidade de ordenação temporal.


Partindo daí, os autores chegaram às seguintes conclusões:

1- Os musicistas apresentam melhor discriminação de frequencias.
2- A falta de exposição à música pode ser uma das causas de uma possível desafinação.
3- Os músicas são superiores aos não músicos em perceber e detectar irregularidades de seqeucnias ritmicas e manipulações refinadas de variações de tons
4- Os musicistas tiveram melhor desempenho na reprodução de sequencializaçõa sonora dos padrões de frequencia.

Se você quiser conhecer a metodologia e demais resultados da pesquisa, sugiro a leitura completa do artigo (link no início do texto)

O que vocês estão achando dessa série de artigos que tenho postado aqui? Toda semana (dentro do possível) vou trazer um artigo para comentar dentro da área de voz e comunicação.

Compartilhem com seus amigos!

Até a próxima!

Sara F. Rios
Fonoaudióloga
Professora de Música





quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Resenhando #2- Fadiga vocal em professores

O-lá meu povo! Cheguei para mais um RESENHANDO...

Essa semana li um artigo quentinho, saído do forno: Fadiga vocal em professores disfônicos que procuram atendimento fonoaudiológico (clique no título para ter acesso ao artigo)

Na introdução as autoras trazem o conceito de fadiga vocal, como uma "adaptação vocal negativa, autorrelatada pelo sujeito e derivada do uso prolongado da voz". Outro conceito trazido por elas é que a fadiga vocal "é um esforço sentido pelo indivíduo devido a um aumento da demanda vocal, que melhora com repouso vocal adequado." Os sintomas mais comuns seriam: aumento da sensação de esforço, desconforto laríngeo, tensão no pescoço e nos ombros, dor no pescoço ou na garganta, perda da flexibilidade e projeção vocal.

De acordo com as autoras o grupo dos professores é o mais suscetível a ocorrência de fadiga vocal por passarem diversas horas lecionando em ambiente ruidosos. Três condições são evidenciadas por elas: as condições do ambiente de trabalho, a atuação do profissional nesse ambiente e a alta carga horária trabalhando. Elas ainda trazem que a autoavaliação na fadiga vocal é um desafio por causa dos diversos fatores causadores e devido à falta de instrumentos específicos para realizar essa avaliação.

Partindo daí, as autoras trazem o instrumento Indice de Fadiga Vocal, IFV ou Vocal Fatigue Index, VFI, em inglês. Ele foi aplicado aos sujeitos da pesquisa. Esse instrumento avalia a fadiga vocal em três domínios:
1- Sintomas relacionados à fadiga e restrição vocal
2- Sintomas de desconforto físico associados à voz
3- Melhora dos sintomas após repouso vocal

Segundo esse índice, nos domínios 1 e 2, quanto maior o escore, maior a desvantage. Já no domínio 3, quanto maior o escore, maior é a melhora dos sintomas.

O objetivo desse artigo foi "verificar a autopercepção de fadiga vocal de professores disfÔnicos em atividade letiva que procuraram atendimento fonoaudiológico."

Diante dos resultados encontrados, as autoras puderam discutir os seguintes aspectos:

- A fadiga vocal é uma queixa muito comum entre os professores
- Os professores tendem a procurar ajuda especializada quando já estão com um alto número de sintomas e desvios de voz significativos.
- Poucos professores procuram tratamento preventivamente ou quando os sintomas são iniciais.
- Os professores possuem uma autoavaliação vocal ruim, o que faz com que busquem o tratamento.
- Além disso, esses professores que procuram atendimento especializado possuem quase o dobro de sintomas que aqueles que não procuram.
- Os sintomas vocais estava ligados diretamente ao uso ocupacional da voz: fadiga vocal, desconforto e maior esforço para falar.
- Os sintomas que foram mais relatados pelos professores que participaram dessa pequisa foram: garganta seca, dor na garganta, cansaço vocal, desconforto ao falar, voz monótona, esforço para falar, pigarro e instabilidade vocal.
- Professores têm aproximadamente duas vezes mais problemas vocais em relação a não professores.
- Estratégias de prevenção e terinamento vocal são importantes para que esses profissionais reconheçam precocemente os sintomas e não procurem ajuda somente quando a fadiga já estiver causando limitação e desconforto vocal.
- Identificar a fadiga em seu estágio inicial facilitaria uma intervenção precoce e prevenção de problemas vocais impedindo assim os efeitos adversos no longo prazo e compensações vocais inadequadas.

Gostei muito desse artigo porque me fez refletir principalmente sobre a prevenção da saúde vocal desses e de tantos outros profissionais da voz. Realizar ações de consientização e sensibilização são muito importantes para que esses trabalhadores possam ter vozes saudáveis e praticar suas atividades laborais sem interferências de problemas que podem ser evitados.

Se você quiser conhecer a metodologia e demais resultados da pesquisa, sugiro a leitura completa do artigo (link no início do texto)

O que vocês estão achando dessa série de artigos que tenho postado aqui? Toda semana (dentro do possível) vou trazer um artigo para comentar dentro da área de voz e comunicação.

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Até a próxima!

Sara F. Rios
Fonoaudióloga
Professora de Música

sábado, 28 de setembro de 2019

Resenhando #1- Aquecimento e desaquecimento vocais


Resenhando...

Ooooláááá pessoal! Eu amo produzir conteúdo para minhas redes sociais categorizando em séries. Quem me segue no instagram, principalmente, já deve ter percebido isso.

Aqui no blog vou trazer uma série especial, que vocês verão só aqui. Será o "Resenhando...". Toda semana vou trazer uma resenha/resumo de artigo ou livro que estou lendo na minha rotina de estudos.

Vou deixar todos os textos da série organizados em um marcador chamado "Resenhando".

Vamos começar! Let's go!


Nosso primeiro artigo da série é “Aquecimento e desaquecimento vocais: revisão sistemática”. Esse trabalho foi realizado por Vanessa Ribeiro, Letícia Frigo, Gabriele Bastilha e Carla Cielo, publicado na Revista CEFAC em 2016.


O objetivo do trabalho foi levantar quais as publicações científicas nacionais e internacionais sobre aquecimento e desaquecimento vocal da voz falada. Para mais detalhes sobre metodologia e análise dos dados, sugiro a leitura completa do artigo.

O aquecimento vocal tem uma variedade de objetivos: aumentar o fluxo sanguíneo, a oxigenação e a flexibilização dos tendões, ligamentos e músculos, possibilitando maior coaptação glótica, maior flexibilidade das pregas vocais para o devido alongamento e encurtamento durante as variações de frequência, qualidade vocal com maior componente harmônico, aumento do nível de pressão sonora (NPS) e melhora da projeção vocal e da articulação dos sons. Espera-se também  maior loudness (sensação de maior intensidade vocal), melhora da qualidade e projeção vocal e prevenção de lesões. O calor provocado na realização do aquecimento vocal reduz as resistências teciduais elásticas e viscosas, tornando a musculatura das pregas vocais mais flexível e passível de ser encurtada e alongada, melhorando a projeçõa vocal e a articulação do som.

O desaquecimento vocal por sua vez, busca o retorno para os ajustes musculares habituais da voz falada, reduzindo a sobrecarga vocal, diminuindo o fluxo sanguíneo e promovendo o retorno do ácido lático, evitando assim a fadiga muscular. A musculatura laríngea se ajusta à intensidade da demanda vocal.

O aquecimento e desaquecimento da musculatura envolvida na produção da voz é de extrema importância para a saúde e para um desempenho vocal adequado. Além disso, eles atuam como medidas profiláticas para prevenir o aparecimento de lesões laríngeas decorrentes do uso incorreto e abusivo da voz. Por isso, os profissionais da voz, todos aqueles que falam o dia todo em sua atividade laboral, precisam ter como hábito a realização do aquecimento e desaquecimento vocal.

As autoras reuniram os principais exercícios recomendados nos artigos estudados por elas que foram:

AQUECIMENTO

ü  Relaxamento cervical
ü  Sons nasais
ü  Sons fricativos sonoros
ü  Sons vibrantes de língua ou de lábios
ü  Espreguiçamento
ü  Rotação de ombros e de cabeça
ü  Exercícios dos órgãos fonoarticulatórios (rotação de língua, bico/sorriso, beijo)
ü  Sobrearticulação de vogais
ü  Som hiperagudo
ü  Som basal
ü  Constrição labial
ü  Firmeza glótica
ü  Escalas ascendentes
ü  Associação de sons nasais a movimentos corporais
ü  Hidratação

DESAQUECIMENTO

ü  Relaxamento cervical
ü  Sons nasais
ü  Sons fricativos sonoros
ü  Bocejo ou bocejo-suspiro
ü  Rotação de ombros e de cabeça
ü  Sons vibrantes de língua e ou de lábios
ü  Manipulação laríngea
ü  Voz salmodiada
ü  Escalas descendentes

Em relação à duração, para o aquecimento, na literatura variou entre 15 a 30 minutos ou 3 séries de 15 repetições em TMF (tempo máximo de fonação) com intervalos de 30s de repouso entre as séries. Para o aquecimento houve uma variação de 5 a 15 minutos.

Um outro resultado interessante encontrado pelas pesquisadoras foram os benefícios da execução do aquecimento e desaquecimento vocal. Foram os seguintes:

DO PONTO DE VISTA OBJETIVO (ANÁLISE ACÚSTICA DA VOZ)

ü  Aumento das medidas de frequência fundamental e de pertubação da frequência fundamental
ü  Diminuição das medidas de pertubaçaõ da amplitude, ruido, quebra de voz e de irregularidade da voz e tremor
ü  Aumento do NPS, dos tempos máximos de fonação, da extensão de frequência e do primeiro formante das vogais /i/ e /u/.

DO PONTO DE VISTA DA AVALIAÇÃO PERCEPTIVOAUDITIVA E AUTOPERCEPÇÃO

ü  Diminuição do grau de tensão e de astenia vocal
ü  Aumento do loudness
ü  Modificação dos hábitos de saúde vocal
ü  Redução do desconforto e dos sintomas vocais negativos


Esse artigo é muito interessante porque ele reúne as principais estratégias utilizadas, a média de duração de cada uma e os efeitos positivos delas.

Recomendo a leitura completa dele!

Boa leitura!


Gostou do post? Comenta e compartilha com seus amigos, pra que tem acesso a esse conhecimento!


REFERENCIA

RIBEIRO, Vanessa Veis; FRIGO, Letícia Fernandez; BASTILHA, Gabriele Rodrigues  and  CIELO, Carla Aparecida. Aquecimento e desaquecimento vocais: revisão sistemática. Rev. CEFAC [online]. 2016, vol.18, n.6, pp.1456-1465. ISSN 1982-0216. 


sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Musculatura Intrínseca da Laringe

Fonte: Google Imagens

A musculatura laríngea é dividida em dois grupamentos regionais:
- Músculos intrínsecos: são músculos que têm origem e inserção na laringe
- Músculos extrínsecos: músculos que apresentam apenas uma das inserções na laringe e outra fora dela, como no tórax, mandíbula ou no crânio.

Vamos conhecer os músculos intrínsecos da laringe!

A musculatura intrínseca possui relação direta com a função fonatória e é constituída por músculos esqueléticos que se originam e se inserem na laringe.
Esse grupo muscular tem como características principais:
- aproximar (aduz)
- afastar (abduz)
- é responsável pela tensão das pregas vocais
- é responsável nas funções laríngeas de respiração, esfíncter de proteção e fonação
A musculatura instrínseca é constituída por músculos esqueléticos, que são compostos por 3 tipos de fibras:
Tipo I:
- Fibras altamente resistentes à fadiga
- Diâmetro reduzido
- Contração lenta
- Metabolismo aeróbio (oxidativo)
- Apresentam baixos níveis de glicógenos
- Apresentam altos níveis de enzimas oxidativas
Tipo IIA:
- Fibras resistentes à fadiga
- Cotração rápida
- Metabolismo oxidativo
- Altos níveis de enzimas oxidativas
- Altos níveis de glicógeno
Os músculos da laringe tem maior proporção de fibras IIA que os outros músculos do corpo. Os músculos tiroaritenóideo e cricoaritenóideo lateral são altamente especializados em contração rápida.
Tipo IIB:
- Contração muita rápida
- Rápida fadiga
- Maior diâmetro
- Mecanismo aeróbio por glicose
- Elevados níveis de glicógeno
-Baixos níveis de enzimas oxidativas

MÚSCULO TIREOARITENÓIDEO – TA

 
Fonte: BEHLAU, Mara. Voz o livro do especialista.
Volume 01. Terceira Impressão. Editora Revinter.

O TA compõe o corpo das pregas vocais. Originam-se no ângulo da cartilagem tireoidea e insere-se principalmente no processo vocal, mas com extensões em direção ao processo muscular.
Função do TA -> aduz, abaixa, encurta, espessa a prega vocal.
Ação principal -> encurtar e aduzir as pregas vocais, diminuindo as distância entre as cartilagens aritenóideas e tireoideas, tornando-se um feixe mais largo e reduzindo a frequência da voz gerada.
Possui 2 feixes principais:
·         Medial- Músculo Vocal também chamado de músculo vocalis ou tireovocal
Localizado na parte interna da prega vocal
Insere-se diretamente no processo vocal
Fibras de contração rápida
Participação ativa na produção da fonação: o músculo vocal vibra de modo sincronizado com a vibração da mucosa.
O músculo vocal possui também em sua contração uma ação de tensão diferencial da prega vocal, envolvida no controle refinado da fonação, a fim de manter a prega rígida, independente do seu comprimento. Geralmente imagina-se que quanto mais longas ficam as pregas vocais, mas esticadas e tensas estarão. Porém, na verdade, quando os músculos ficam tensos eles estão contraídos e encurtados.
·         Lateral- chamado de tireomuscular
Localizado na parte externa da prega vocal.
Insere-se no processo muscular
Fibras de contração rápida
Tem menor ação sobre a fonação
Parece estar envolvido na adução das pregas vocais
·         Superior – outro deixe do TA, porém com menos importância
Presença de algumas fibras do TA
Provavelmente envolvido nos casos de fonação vestibular, através do deslocamento das pregas vocais.

MÚSCULO CRICOARITENÓIDEO POSTERIOR- CAP
 
Fonte: BEHLAU, Mara. Voz o livro do especialista.
Volume 01. Terceira Impressão. Editora Revinter.
Chamado de “músculo da vida”, é o único músculo abdutor das pregas vocais, permitindo a respiração. Ele abduz (afasta), alonga e afila a prega vocal. Sua contração desloca o processo muscular posteriormente, afastando as pregas vocais.
O CAP é ativado na respiração, mas participa também da fonação. Sua ativação é observada no final da emissão, a fim de abduzir (afastar) rapidamente as pregas vocais, permitindo a inspiração.
Na produção de sons surdos durante a fala encadeada sua ação de disparo rápido permite a suspensão da vibração da mucosa para a produção correta desses sons.


MÚSCULO CRICOARITENÓIDEO LATERAL- CAL
Fonte: BEHLAU, Mara. Voz o livro do especialista. 
Volume 01. Terceira Impressão. Editora Revinter.


O CAL aduz abaixa e alonga as pregas vocais. Auxilia a coaptação glótica necessária para a fonação. A contração desse músculo desloca o processo muscular anteriormente, aduzindo (fechando) as pregas vocais. O CAL é ativado na fonação, sendo responsável pelo fechamento da glote anterior.
Para que uma adução completa ocorra é necessária a ação do CAL mais o músculo aritenóideo, responsável pelo fechamento da glote posterior. Vale lembrar que a adução não é essencial para que a fonação se produza,





MÚSCULO ARITENÓIDEO- A
Fonte: BEHLAU, Mara. Voz o livro do especialista. 
Volume 01. Terceira Impressão. Editora Revinter.

Possui ação adutora, aproximando e aduzindo as cartilagens aritenóideas, oferecendo compressão medial glótica para fechar a glote posterior.
Possui 2 feixes:
- feixe transverso: aproxima as bases das aritenóides
- feixe oblíquo: aproxima as pontas das cartilagens







MÚSCULO CRICOTIREÓIDEO- CT

Fonte: BEHLAU, Mara. Voz o livro do especialista. 
Volume 01. Terceira Impressão. Editora Revinter.

Possui ação adutora (fechamento) secundária das pregas vocais. É o maior músculo intrínseco da laringe. Aduz na posição paramediana, abaixa, estira, alonga e afila as pregas vocais. É responsável pela tensão longitudinal das pregas vocais, ou seja, controle da frequência.

O CT também possui 2 feixes. O feixe vertical (parte reta) e o feixe horizontal (parte oblíqua).
A ação do controle da frequência dos sons parece ser diferente entre cantores treinados e não-treinados. É o músculo do controle de frequência da voz. Sua contração eleva a frequência (sons agudos)

Quando o CT é ativado ocorre o chamado movimento de báscula: as cartilagens cricóidea e a tireoidea se aproximam, ou seja a cartilagem tireoidea desce a cartilagem cricóidea sobe. Esse movimento alonga secundariamente as pregas vocais. Nesse caso, então, a distância entre a cartilagem tireóidea e a cricóidea diminui e a distância entre a cartilagem tireoidea e aritenóidea aumenta.
O alongamento das pregas vocais diminui a massa em vibração, aumenta a tensão e eleva a frequência fundamental.

MÚSCULO ARIEPIGLÓTICO- AE
Fonte: BEHLAU, Mara. Voz o livro do especialista. 
Volume 01. Terceira Impressão. Editora Revinter.

O AE é, na verdade, um músculo contínuo ao feixe oblíquo do músculo aritenóideo, inserido-se abaixo da epiglote. Sua contração abaixa a epiglote, aproximando-a das aritenóideas, promovendo o fechamento do ádito da laringe

MÚSCULO TIREOEPIGLÓTICO- TE

O TE é um músculo par, pequeno, que se estende da cartilagem tireoidea à epiglote, responsável pelo retorno da epiglote à posição original, depois da contração causada pela ação do AE. É responsável pelo retorno da epiglote à posição original, após a contração causada pelo AE.

Conhecemos aqui com mais detalhes os músculos intrínsecos da laringe. É importante ressaltar que raramente ocorre uma ação isolada dos músculos aqui apresentados, mas ocorre uma combinação de ações múltiplas e interdependentes. Abaixo um resumo da ação dos principais músculos instrínsecos:


 
Fonte: BEHLAU, Mara. Voz o livro do especialista. 
Volume 01. Terceira Impressão. Editora Revinter.


FONTE: BEHLAU, Mara. Voz o livro do especialista. Volume 01. Editora Revinter.







domingo, 8 de setembro de 2019

Cartilagens Laríngeas


As estruturas da laringe são compostas de cartilagem hialina. A cartilagem é mais macia e flexível do que o osso. A hialina refere-se ao tipo de células que constituem a cartilagem.
As cartilagens laríngeas podem divididas em 3 grupos:
Cartilagens ímpares -> tireóidea, cricóidea e epiglote
Cartilagem par principal -> aritenóidea
Cartilagens acessórias -> corniculadas e cuneiformes

As principais cartilagens são as tiróideas, cricóideas e aritenóideas. As outras cartilagens são muito menores e formam partes de outras estruturas. Por exemplo, as corniculadas são pequenas cartilagens ligadas aos ápices da aritenóide. As cuneiformes são pequenas cartilagens cobertas por tecido muscular que conectam as aritenóides à epiglote.


Fonte: Google



CARTILAGEM TIREÓIDEA



Fonte: Google


Na cartilagem tireoidea estão inseridos alguns músculos: tireohióideo, esternotireóideo e músculo constritor inferior da faringe.
A proeminência da cartilagem que é facilmente observada nos homens, o conhecido “pomo de adão”, é diferente entre os sexos. Nos homens há uma ângulo de mais ou menos 90° e nas mulheres, 120°. Esta variação causa grande impacto entre os sexos na fisiologia vocal, por exemplo, na medida que define o tamanho das pregas vocais e contribuiu na definição da frequência vocal emitida. O ângulo maior permite uma voz mais grave e o ângulo menor, uma voz mais aguda.
Os cornos posteriores da cartilagem tireoidea são os elementos de conexão dessa cartilagem com outras estruturas, sendo que os cornos superiores conectam-se ao osso hioide e os inferiores, à cartilagem cricóidea.

CARTILAGEM CRICÓIDEA
Fonte: Google


A cartilagem cricóidea também é uma cartilagem única, a segunda maior da laringe, com formato circular de anel completo. Possui uma região anterior mais larga e mais elevada, a lâmina, como se fosse um anel de dedo com a pedra virada para a região posterior.
De modo similar à tireoidea, observa-se uma acentuada variação entre os diâmetros Antero-posterior e lateral da cartilagem cricóidea de acordo com o sexo, apresentando um formato ovoide nos homens e circular nas mulheres.
O possível impacto da variação anatômica da cartilagem cricóidea na fonação é desconhecido e pouco estudado, mas pode ter relação com a fenda glótica posterior constitucional, devido a um posição mais lateralizada das cartilagens aritenóideas, observada principalmente nas mulheres.


CARTILAGENS ARITENÓIDEAS


Fonte: Google




As cartilagens aritenóideas são um par de pequenas cartilagens móveis, consideradas a unidade funcional da laringe pela sua importância nas funções fonatória e respiratória. A variabilidade dessas cartilagens entre os sexos é muito pequena, representando os elemntos cartilafinosos de configuração mais estável da laringe.
Na base de cada acrtilagem há 3 ângulos:
1. Processo vocal (anterior): ponto de fixação posterior da prega vocal
2. Processo muscular (posterior): ponto de fixação de vários músculos (CAP E CAL)
3. Ângulo póstero-mediano: não recebe nenhum nome.
A base horizontal da aritenóide apresenta forma côncava, o que facilita sua articulação com a cricóidea e sua complexa movimentação.
O movimento cartilagíneo é semelhante ao que se observa em um cavalinho ou cadeira de balanço. Ao se mover anteriormente, o processo vocal descende e o processo muscular se eleva. Ao se mover posteriormente, o processo muscular descende e o processo vocal se eleva.
Esse movimento vertical é de muita importância na função fonatória. Quando as Aritenóideas movem-se anteriormente e inferormente, as pregas vocais movem-se em direção à linha mediana -> ADUÇÃO (fechamento/aproximação das pregas vocais). Quando as Aritenóideas movem-se posteriormente e superiormente, as aritenóides e pregas vocais movem-se lateralmente -> ABDUÇÃO (abertura/afastamento das pregas vocais)

 CARTILAGEM EPIGLOTE

Visão Anterior
Fonte: Google

Visão posterior
Fonte: Google

 A cartilagem epiglote é mais fechada na infância, passando a uma configuração mais aberta na puberdade. Fixa-se nas cartilagens tireoidea e aritenóidea.
Sua função é proteger as vias aeras inferiores, através de abaixamento e fechamento do adito laríngeo. A epiglote se movimenta bastante durante a produção dos sons da fala, acompanhando a direção do movimento da língua. Porém pouco participa da produção vocal, embora seu deslocamento parcial sobre a laringe pareça contribuir para o volume e projeção  em certos estilos e técnicas de canto.


CARTILAGENS ACESSÓRIAS
- Corniculada: servem para prolongas as aritenóideas para cima e para trás.
- Cuneiforme: provável participação na constrição supraglótica anteroposterior -> fechamento do adito da laringe pelo abaixamento da epiglote.
Ainda há duas outras cartilagens, menos importantes: as tritíceas e as sesamóides, nem sempre presente nos homens.


Fonte: BEHLAU, Mara. Voz o livro do especialista. Volume 01. Terceira Impressão. Editora Revinter.


Fonte: BEHLAU, Mara. Voz o livro do especialista. Volume 01. Terceira Impressão. Editora Revinter.



REFERÊNCIAS: BEHLAU, Mara. Voz o livro do especialista. Volume 01. Terceira Impressão. Editora Revinter.

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quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Sistemas de Ressonância

O sistema de ressonância vocal é um conjunto de elementos do aparelho fonador que visa à moldagem e à projeção do som no espaço.

A ressonância consiste no esforço da intensidade de sons de determindas frequencias do espectro sonoro e no amortecimento de outras.

As caixas de ressonância são: pulmões, laringe, faringe, cavidade oral, cavidade nasal e seios paranasais.

Existem dois fatores que influenciam o sistema de ressonância vocal:
- INTRÍNSECOS: dependem da anatomofisiologia do aparelho fonador e das opções de uso selecionadas.
- EXTRÍNSECOS: dependem do ambiente físico em que o falante está usando a voz.

TIPOS DE RESSONÂNCIA

* Ressonância equilibrada
- riqueza de harmônicos amplificados na voz
- o falante tem liberdade muscular de modificar os ajustes

* Ressonância laríngea
- emissão tensa
- foco vertical de ressonância baixo
- voz parece estar presa na garganta

* Ressonância faríngea
- emissão tensa
- fono vertical baixo, mas não tanto.
- característica metálica na voz, pela reflexão do som nas paredes rígidas da faringe

* Ressonância laringofaríngea
- emissão comprimida ou tensa-estrangulada
- encontra em pessoas com dificuldade de trabalhar sentimentos de agressividade e que se encontram desgastadas ou sobrecarregadas.

* Ressonância oral
- característica afetada
- revela uma personalidade narcisista
- articulação dos sons da fala é demasiadamente trabalhada (sobrearticulação)
- frequente nas classes sociais altas

*Ressonância hipo/hipernasal
- ressonância de fono vertical alto
- afecções que envolvem alterações da anatomofisiologia do palto mole (fissura palatina, insuficiência ou incompetência velofaríngea)
- afetividade e sensualidade (nos casos não-patológicos)

FONTE: BEHLAU, Mara. Voz o livro do especialista. Volume 1. Editora Revinter.

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quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Desenvolvimento embrionário da laringe


Este é um breve resumo do desenvolvimento embrionário da laringe:

·         O desenvolvimento principal da laringe ocorre no período de 20 a 51 dias de gestação.
·         A laringe forma-se entre a 4ª e 10ª semana do desenvolvimento. Nesse período podem ocorrer mal-formações.
·         As principais características anatômicas da laringe estão desenvolvidas ao redor do 3º mês de vida embrionária, entretanto esse desenvolvimento continua mesmo após o nascimento.
·         Posicionamento da laringe ao longo da vida (gradual e lento por toda a vida):
- Nascimento: laringe elevada no pescoço (vértebras cervicais C3 e C4), cartilagem tireóidea encaixada no osso hioideo.
- Puberdade: a laringe desce ao nível da C6 e C7
·         Ossificação das cartilagens:
- Hióide : 2 anos
- Cartilagem tireóidea e cricóidea: ao redor dos 23/25 anos
- Cartilagem aritenóidea: ao redor dos 38 anos
- Cartilagens corniculadas: ao redor dos 70 anos
Ao redor dos 65 anos ocorre um processo de endurecimento total das cartilagens (exceto corniculada e cuneiformes).
A epiglote, em forma de ômega, apresenta configuração infantil, com suas metades aproximadas e quase fechadas até a puberdade.

Referência
BEHLAU, Mara. Voz o livro do especialista. Volume 01. Editora Revinter, 2001.

Fonte da imagem: https://tinyurl.com/yxa6zp9y