quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Resenhando #2- Fadiga vocal em professores

O-lá meu povo! Cheguei para mais um RESENHANDO...

Essa semana li um artigo quentinho, saído do forno: Fadiga vocal em professores disfônicos que procuram atendimento fonoaudiológico (clique no título para ter acesso ao artigo)

Na introdução as autoras trazem o conceito de fadiga vocal, como uma "adaptação vocal negativa, autorrelatada pelo sujeito e derivada do uso prolongado da voz". Outro conceito trazido por elas é que a fadiga vocal "é um esforço sentido pelo indivíduo devido a um aumento da demanda vocal, que melhora com repouso vocal adequado." Os sintomas mais comuns seriam: aumento da sensação de esforço, desconforto laríngeo, tensão no pescoço e nos ombros, dor no pescoço ou na garganta, perda da flexibilidade e projeção vocal.

De acordo com as autoras o grupo dos professores é o mais suscetível a ocorrência de fadiga vocal por passarem diversas horas lecionando em ambiente ruidosos. Três condições são evidenciadas por elas: as condições do ambiente de trabalho, a atuação do profissional nesse ambiente e a alta carga horária trabalhando. Elas ainda trazem que a autoavaliação na fadiga vocal é um desafio por causa dos diversos fatores causadores e devido à falta de instrumentos específicos para realizar essa avaliação.

Partindo daí, as autoras trazem o instrumento Indice de Fadiga Vocal, IFV ou Vocal Fatigue Index, VFI, em inglês. Ele foi aplicado aos sujeitos da pesquisa. Esse instrumento avalia a fadiga vocal em três domínios:
1- Sintomas relacionados à fadiga e restrição vocal
2- Sintomas de desconforto físico associados à voz
3- Melhora dos sintomas após repouso vocal

Segundo esse índice, nos domínios 1 e 2, quanto maior o escore, maior a desvantage. Já no domínio 3, quanto maior o escore, maior é a melhora dos sintomas.

O objetivo desse artigo foi "verificar a autopercepção de fadiga vocal de professores disfÔnicos em atividade letiva que procuraram atendimento fonoaudiológico."

Diante dos resultados encontrados, as autoras puderam discutir os seguintes aspectos:

- A fadiga vocal é uma queixa muito comum entre os professores
- Os professores tendem a procurar ajuda especializada quando já estão com um alto número de sintomas e desvios de voz significativos.
- Poucos professores procuram tratamento preventivamente ou quando os sintomas são iniciais.
- Os professores possuem uma autoavaliação vocal ruim, o que faz com que busquem o tratamento.
- Além disso, esses professores que procuram atendimento especializado possuem quase o dobro de sintomas que aqueles que não procuram.
- Os sintomas vocais estava ligados diretamente ao uso ocupacional da voz: fadiga vocal, desconforto e maior esforço para falar.
- Os sintomas que foram mais relatados pelos professores que participaram dessa pequisa foram: garganta seca, dor na garganta, cansaço vocal, desconforto ao falar, voz monótona, esforço para falar, pigarro e instabilidade vocal.
- Professores têm aproximadamente duas vezes mais problemas vocais em relação a não professores.
- Estratégias de prevenção e terinamento vocal são importantes para que esses profissionais reconheçam precocemente os sintomas e não procurem ajuda somente quando a fadiga já estiver causando limitação e desconforto vocal.
- Identificar a fadiga em seu estágio inicial facilitaria uma intervenção precoce e prevenção de problemas vocais impedindo assim os efeitos adversos no longo prazo e compensações vocais inadequadas.

Gostei muito desse artigo porque me fez refletir principalmente sobre a prevenção da saúde vocal desses e de tantos outros profissionais da voz. Realizar ações de consientização e sensibilização são muito importantes para que esses trabalhadores possam ter vozes saudáveis e praticar suas atividades laborais sem interferências de problemas que podem ser evitados.

Se você quiser conhecer a metodologia e demais resultados da pesquisa, sugiro a leitura completa do artigo (link no início do texto)

O que vocês estão achando dessa série de artigos que tenho postado aqui? Toda semana (dentro do possível) vou trazer um artigo para comentar dentro da área de voz e comunicação.

Compartilhem com seus amigos!

Até a próxima!

Sara F. Rios
Fonoaudióloga
Professora de Música